Os eventos climáticos extremos ocorridos em maio de 2024 no Rio Grande do Sul geraram comoção em todo o país. Em um primeiro momento, a principal preocupação era com o suporte aos necessitados e a adoção de medidas de urgência. Agora, com a situação controlada, a atenção está voltada para a economia no sul.

Por se tratar de um estado que participa em 6,5% do PIB brasileiro, especialmente em atividades ligadas à agropecuária e indústria, é natural que todos estejam atentos ao que está acontecendo e possíveis efeitos econômicos de médio e longo prazo.

Impactos da chuva na economia gaúcha

As enchentes que atingiram 95% do estado do Rio Grande do Sul trarão impactos significativas na economia, não só da região Sul, especialmente de estados vizinhos como Santa Catarina e Paraná, mas de todo o país. Embora ainda não seja possível mensurar com precisão o que isso representará para os brasileiros, existem algumas projeções que já estão circulando no mercado.

Além da relação comercial estreita entre os estados, alguns municípios de Santa Catarina também foram impactados pelas fortes chuvas. Em razão do compartilhamento do escoamento de produção entre estes dois estados, o fechamento de rodovias e principalmente o Aeroporto Internacional Salgado Filho, acaba impactando áreas de logística e mobilidade.

Desta forma, empresas e indústrias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tendem a ter um impacto mais expressivo, incluindo atraso nas entregas e indisponibilidade de certas mercadorias e possível solicitação de aumento de prazo para pagamentos e entrega por parte de clientes e fornecedores situados no RS.

O Banco Bradesco elaborou um estudo que estima um impacto de 0,2 a 0,3% sobre o PIB. Isso deve afetar em um percentual de 2% no crescimento econômico brasileiro previsto para 2024. No levantamento, a instituição aponta os setores mais atingidos:

Setores mais atingidos

Os olhos do mercado estão voltados principalmente para o setor agropecuário e alimentício pois a projeção no setor é de uma recessão de 3,5% em 2024, de acordo com o mesmo relatório.

Os principais produtos produzidos no estado são arroz, trigo, soja e carnes. Durante a ocorrência do evento climático o mercado vivia a fase de colheita de verão, por isso, 70% da soja e 80% do arroz já tinham sido colhidos. Neste sentido, o relatório aponta:

Supondo que metade do que ainda esteja no campo tenha sido perdido, estamos falando de 800 mil toneladas de arroz e 3,2 milhões de toneladas de soja a menos na produção brasileira. Ou seja, 7,5% da produção de arroz no Brasil e 2,2% de soja podem estar comprometidos. Essas parecem ser estimativas conservadoras pois não há como saber o comprometimento da parcela já colhida em fase de beneficiamento. No caso do trigo, o plantio apenas começou.

Embora ainda exista tempo hábil para o plantio, que vai até julho, não é possível mensurar os danos causados no solo o que pode impactar na produtividade grãos como soja ainda em 2024.

Com relação a produção de carnes, a expectativa de impacto negativo está voltada principalmente para os suínos, que tem um ciclo de produção mais longo. A previsão é de que ocorram quedas na produção e perdas associadas a dificuldade logística.

As questões logística devem afetar principalmente os setores de carnes e laticínios, que dependem da rápida movimentação de mercadorias. Com a suspensão das atividades no aeroporto internacional Salgado Filho e redução significativa do transporte aéreo no estado, a economia sofrerá efeitos.

Expectativas para o segundo semestre

É natural que os eventos ocorridos em maio impactem não só na economia do estado, com uma redução considerável no recolhimento de tributos como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Impostos sobre Serviços (ISS), respectivamente de competência estadual e municipal.

Além disso, a queda na produção e os impactos logísticos podem afetar a produção. Segundo Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, em entrevista ao Valor Econômico, embora a economia tenha impactos significativos em maio e junho, o resultado para a economia nacional deve ser neutro:

Os R$ 60 bilhões em estímulo fiscal do pacote federal em socorro ao Rio Grande do Sul devem provocar na economia gaúcha efeito equivalente ao de “uma injeção de R$ 1 trilhão na economia brasileira”. As medidas devem contribuir para uma retomada da atividade, com pessoas indo para a frente de trabalho e reconstruindo o Estado, em cenário similar a um pós-guerra.

Com pouco mais de dois meses desde a enchente, o que se tem notado é que as empresas e profissionais estão se movimentando positivamente em direção à retomada completa das atividades.

Desta forma, as expectativas são positivas mesmo em um cenário altamente desafiador. para profissionais e empresários que, direta ou indiretamente, sofrem com os efeitos da enchente e da economia no sul, a recomendação é acompanhar as notícias e investir em ações de mitigação de danos.

Como lidar com momentos de crise

Os eventos no Rio Grande do Sul serviram como uma grande lição para as empresas, principalmente sobre a importância de estar preparado para lidar com crises. A abordagem de enfrentamento deste tipo de situação depende das características do negócio e da natureza da crise.

Por isso, não existe uma fórmula pronta quando se fala em imprevisibilidade de eventos e impactos. Imagine que algumas empresas perderam tudo, desde maquinário até estoque de matéria-prima e produtos finais.

Desta forma, quando se fala em lidar com momentos de crise a sugestão é que as empresas invistam na estruturação de planos de gestão de crise, já que essas ferramentas podem oferecer o suporte e conduzir as ações caso alguma situação de dano se concretize.

Os planos de gestão de crise devem contemplar diferentes etapas e profissionais envolvidos nos processos de mitigação de danos, contemplando a análise da situação e adoção de medidas que contemplem redução de despesas, renegociação de dividas e manutenção das operações.

A experiência vivida pelas empresas gaúchas deve servir como inspiração para que se enxerguem as oportunidades de melhoria observadas em momentos de crise. Acompanhar de perto o que está acontecendo e avaliar os impactos causados em seu negócio, também ajuda na definição de estratégias diretas em seu negócio.

Ainda não temos clareza com relação aos próximos passos, porém, já se enxerga um movimento muito forte de reconstrução. Com a união das forças das entidades privadas e públicas, os gaúchos e brasileiros certamente sairão de tudo isso muito mais fortes.

Você tem sentido efeitos em seu negócio? A economia no sul impacta nas operações da sua empresa? Deixe um comentário e compartilhe conosco a sua experiência envolvendo o assunto!

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