Pequenos negócios

Passo a passo: como fazer gestão financeira em pequenos negócios?

25/04/2025 7 mins

Você pode ter o melhor produto do mercado, atendimento nota dez e até uma clientela fiel. Mas, se não souber exatamente para onde está indo o dinheiro do seu negócio, mais tarde ou mais cedo vai sentir o impacto da falta de uma gestão financeira. 

A verdade é que muitos pequenos empreendedores quebram não por falta de vendas, mas por falta de controle das finanças. É o tipo de erro que começa pequeno, passa despercebido e, quando você nota, já está no vermelho.

A boa notícia? Dá para virar esse jogo com um passo a passo simples. Este guia explica mais sobre como estruturar sua gestão financeira do zero. Confira e aprenda a usar os números para tomar decisões!

O que é gestão financeira?

Gestão financeira é um conjunto de práticas que garante que o dinheiro da empresa esteja sendo bem utilizado, direcionado para o que realmente importa e disponível quando for necessário.

Quando bem-feita, essa gestão permite que o empreendedor tome decisões baseadas em dados, e não em suposições ou achismos. Os resultados: mais segurança nas escolhas, menos riscos e mais chances de alcançar lucros.

Para os pequenos negócios, ela é ainda mais essencial. Com menos margem para erros e orçamentos mais apertados, cada centavo precisa ser bem administrado. Isso porque um deslize, por menor que seja, pode comprometer todo o funcionamento da empresa.

Como fazer a gestão financeira de pequenos negócios?

Começar a gestão financeira de um pequeno negócio pode parecer complicado no início, mas é justamente esse passo que separa quem sobrevive no mercado de quem cresce com consistência. Você não precisa ter uma formação em contabilidade para isso.

Abaixo, vamos mostrar os primeiros passos que todo pequeno negócio precisa dar para colocar a casa em ordem e crescer com força.

Planejamento financeiro

Planejar financeiramente é fazer projeções com base em dados históricos, metas de crescimento e cenários possíveis. Na prática, é construir um plano anual, com estimativas de receita, despesas fixas e variáveis, investimentos futuros e margens de lucro esperadas.

Por exemplo, se um negócio de confeitaria fatura R$ 10 mil por mês, mas deseja abrir uma segunda unidade em 12 meses, precisa calcular quanto será necessário guardar mensalmente para esse investimento. Para isso, deve considerar um cenário conservador (faturamento estável) e outro otimista (crescimento mensal de 10%). 

Controle de fluxo de caixa

Fluxo de caixa é o registro de todas as entradas e saídas de dinheiro em um período. E o controle dele exige atualização diária e categorização dos lançamentos. 

Por exemplo: uma loja de roupas deve anotar cada venda realizada, separando por forma de pagamento (à vista, cartão, Pix, fiado), e também registrar todas as despesas operacionais, como energia, aluguel, compras de estoque e comissões. 

Quando você projeta o fluxo de caixa dos próximos 30 dias, consegue visualizar se haverá saldo positivo ou negativo em determinado período — e agir com antecedência, seja negociando prazos com fornecedores, seja antecipando recebimentos.

Definição de orçamento

O orçamento é uma ferramenta que delimita os valores disponíveis para cada área do negócio durante um período. Isso evita gastos por impulso e facilita o controle. 

Imagine uma papelaria que estipula que, dos R$ 8 mil de receita mensal, R$ 3 mil devem ser destinados ao estoque, R$ 1.500 ao marketing, R$ 1.000 a despesas fixas e o restante reservado para reinvestimento e lucro. 

Com esse modelo, o gestor sabe exatamente até onde pode ir em cada área e evita surpresas desagradáveis no final do mês. Isso é o que diferencia um negócio sustentável de um que vive no vermelho.

Precificação correta

Uma precificação considera o custo direto do produto, os custos fixos rateados, os impostos e a margem de lucro desejada

Vamos ao exemplo: se um produto custa R$ 15 em matéria-prima, e a empresa gasta R$ 5 mil por mês com aluguel, luz e funcionários, esse custo fixo precisa ser dividido pela quantidade média de vendas.

Para exemplificar, suponha que sejam vendidas 500 unidades/mês. Nesse caso, o custo fixo por unidade equivalerá a R$ 10. Somando com o gasto direto (R$ 15), o custo total será R$ 25. Com uma margem de lucro de 40%, o preço de venda deverá ser, no mínimo, R$ 35. Quem precifica sem essa base de cálculo, pode vender muito… e mesmo assim ter prejuízo.

Gestão de estoques

O estoque parado representa capital imobilizado: dinheiro que poderia estar sendo investido ou rendendo. Já a falta de produtos gera perda de vendas. 

Uma boa gestão envolve calcular o giro de estoque (quanto tempo cada item leva para ser vendido), estabelecer um estoque mínimo e máximo, e acompanhar saídas com frequência. 

Por exemplo: se uma pizzaria vende, em média, 100 kg de farinha por mês, o estoque mínimo deve ser de 30 kg (para 10 dias) e o máximo de 150 kg (um mês e meio). Qualquer valor acima disso é um excesso, que pode estragar ou ocupar espaço. 

Lembre-se: a falta de controle pode levar a compras desnecessárias ou a interrupções nas vendas por falta de insumo.

Acompanhamento de indicadores

Indicadores financeiros são métricas que mostram a saúde real do negócio. Alguns dos mais importantes são: 

  • margem de lucro líquido (quanto sobra do faturamento total após o abatimento de todas as despesas);
  • ticket médio (quanto cada cliente gasta em média);
  • ponto de equilíbrio (valor mínimo de vendas para cobrir todos os custos). 

Vamos ao exemplo: se uma loja de cosméticos fatura R$ 12 mil/mês, com despesas de R$ 9 mil, sua margem líquida de lucro será de 25%. Se ela atende 300 clientes por mês, o ticket médio será R$ 40.

Com esses dados, o estabelecimento consegue traçar metas, como aumentar o ticket médio para R$ 50 com combos promocionais ou reduzir custos para melhorar a margem de lucro.

O que não pode faltar na gestão financeira?

A seguir, apresentamos algumas práticas que fazem toda a diferença e que ainda passam despercebidas por muitos gestores. Se você pretende profissionalizar o modo como lida com o dinheiro da sua empresa, não se esqueça de adotá-las.

Separação das finanças pessoais e empresariais

Misturar contas é o caminho mais rápido para perder o controle. Sem essa separação, você nunca sabe o que realmente é lucro. Para evitar que isso aconteça, tenha uma conta bancária exclusiva para o CNPJ e defina um pró-labore fixo. Essa é a melhor forma de organizar o caixa e ter clareza para tomar decisões com base no que a empresa realmente pode bancar.

Reserva financeira para emergências

Imprevistos acontecem, mas sem reserva, qualquer aperto vira crise. Guarde um percentual dos lucros e monte um colchão equivalente a pelo menos um mês de custos fixos. Essa reserva protege o caixa e te dá liberdade para aproveitar oportunidades.

Tecnologia como aliada da gestão

Planilha ajuda, mas não basta. Um bom sistema de gestão financeira automatiza lançamentos, controla prazos, calcula lucros e gera relatórios automáticos, em tempo real. Algumas ferramentas transformam os números em decisões mais seguras e ainda economizam tempo.

Lembre-se: gestão financeira não é só para grandes corporações: ela é ainda mais crucial para quem tem poucos recursos. Quando o empreendedor domina os números, ele ganha liberdade para fazer o que mais importa — crescer, investir e lucrar com consistência.

Agora que você já sabe o que não pode faltar na sua gestão financeira, compartilhe este artigo com outros empreendedores. Pode ser o empurrão de que alguém precisa!


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